::: Fernando Potrick - Jornalismo Online :::

Blog dedicado à disciplina de Jornalismo Online, do curso de Jornalismo da UNISINOS. Este veículo disponibilizará, toda sexta-feira, textos escritos exclusivamente para essa cadeira.

28 abril 2006

Resenha Grau A

Em “Cultura da Interface”, Steven Johnson relata de modo simples e direto, através de suas próprias experiências, o desenvolvimento desse novo mundo da interface digital. Segundo Johnson, “todas as ferramentas para uma revolução digital estão prontas”, basta explorarmos o hipertexto, novo mecanismo que permite o internauta escolher, editar, organizar o que irá ler. A nova interface gráfica desempenhou um papel decisivo no desenvolvimento do atual mercado para aplicações de processamentos de textos, mas a facilidade da escrita digital de hoje em muito se deve às inovações estéticas do desktop, mais criativo e sedutor. A velocidade do processo também foi um fator positivo, tendo em vista que no tempo que escrevíamos cinco páginas com caneta, hoje preenchemos dez páginas no computador.

Hoje em dia parece estúpida a idéia de se compor algum texto sem a presença de um computador e um programa editor de textos. Ou alguém ainda faz rascunhos antes de transpor a escrita para o PC? Ninguém mais precisa fazer rascunho, já que num programa que processe textos é possível fazer, refazer, apagar, copiar, colar tudo que queira escrever. Steven Johnson é um tanto exagerado nesse ponto, mas não deixa de ter razão, diz ele: “Não posso imaginar escrever sem um computador. Até escrever um bilhete às pressas com caneta e papel me custa, como para um paraplégico a possibilidade de usar as pernas de repente”.

Toda essa mudança se deve, em grande parte, à nova interface gráfica. O autor, no entanto, critica a maneira como essa interface gráfica é compreendida. Segundo ele, há uma excessiva confiança nos princípios da interface. Johnson explica que cada vez menos textos são encontrados, apenas imagens, animações e janelas.

Johnson finaliza expondo a mudança do sistema de arquivos, que proporciona ao computador muito mais controle sobre a organização de nossos dados. Caberia a nós somente definir categorias amplas, mas quem decidiria o destino dos arquivos nelas contidos seria o computador. As novas pastas “Views” - ou “visões” -, criadas pelo sistema de V-Twin, desenvolvido pela Apple, fariam inclusive a organização dos arquivos, o que deveria ser designados aos usuários que fizessem.

Já o texto de Pierre Lévy, “O que é o virtual?”, destaca principalmente a parte técnica, os conceitos e como isso se aplica no nosso cotidiano. O autor aborda o tema percepção, que nos transmite uma realidade “quase” perfeita, dando-nos a sensação de real. Na televisão, vimos cenas que sabemos que não estão ali dentro da tela, tampouco estão ocorrendo naquele exato momento, mas temos a projeção de uma realidade já vivida. Quando falamos ao telefone o corpo tangível está de um lado, mas o corpo sonoro, desdobrado, esta aqui e lá.

Sobre a virtualização do texto, Lévy começa falando das origens mesopotâmicas da escrita. Sabe-se que os primeiros textos alfabéticos não separavam as palavras. Mais tarde que foram incorporados os espaços em branco entre vocábulos, a pontuação, os parágrafos, enfim, tudo o que facilita a leitura dos documentos escritos. Para Lévy, a interpretação e atualização do texto podem ser consideradas como virtualização. São as relações entre escrita e memória. A exploração da potencialidade que o computador proporciona é considerada o virtual. A virtualização, portanto, está no poder de ler aquele texto e se sentir satisfeito, ou montar um texto a partir de vários documentos, todos no mesmo local e espaço de tempo.

Segundo Lévy, hoje o próprio ciberespaço é um único computador. E neste ciberespaço, qualquer ponto é diretamente acessível a partir de qualquer outro. Basta que um texto exista na memória de um computador conectado a rede para que ele faça parte de milhares ou milhões de percursos ou de estruturas semânticas diferentes.

O autor também explica em seu texto sobre o hipertexto e as interfaces gráficas. O autor trata o hipertexto como “um espaço de percursos possíveis, uma leitura particular”. Através de links, o leitor pode organizar seu caminho de leitura, podendo criar o seu próprio texto. E ainda rever o mesmo texto de diversas formas.